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Toxicocinética e Toxicodinâmica

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Ainda não se sabe ao certo o mecanismo exato de sensibilização da p-fenilenodiamina (PPD), mas sabe-se que um alergénio deve conseguir penetrar no estrato córneo e ligar-se a proteínas para sensibilizar.

 

A PPD é considerada um pré-hapteno (produto não reativo que tem de ser metabolizado antes de haptenizar com as proteínas para se tornar imunogénico e desencadear a cascata de sensibilização). Ela penetra no estrato córneo alcançando a epiderme, onde vai haptenizar com uma proteína cutânea. O complexo hapteno-proteína forma-se dentro da célula sendo posteriormente processado por células da epiderme ou da derme apresentadoras de antigénio. Estas células ativadas migram para os gânglios linfáticos onde se podem encontrar e ativar células T específicas, que são transformadas em células efetoras e de memória que recirculam e migram para a pele. Numa reexposição o processo repete-se, mas as células T de memória podem libertar de imediato citoquinas e quimiocinas, provocando as caraterísticas da dermatite de contato alérgica.

 

Com a aplicação normal de uma coloração capilar, menos de 1% de PPD é que penetra na pele. No entanto, apesar das pequenas quantidades que penetram, uma exposição de 0,5h é suficiente para causar sensibilização em indivíduos suscetíveis, bem como provocar dermatite de contato alérgica em indivíduos anteriormente sensibilizados.

 

Fig. 2 - Mecanismo de penetração e conversão proposto da p-fenilenodiamina (PPD).

A PPD pode sofrer auto-oxidação devido às excelentes condições que a pele oferece, formando p-benzoquinononadiiminas (P-BQDI) que podem sofrer hidrólise originando p-benzoquinonas (P-BQ) ou pode sofrer reações de oxido-conjugação originando a base de Bandrowski (BB).

 

Qualquer um destes produtos formados pode penetrar na pele, ligar-se a aminoácidos formando aductos e causar sensibilização, apesar de ainda não ter sido confirmado in vivo que a P-BQ e P-BQDI consigam penetrar, ou seja, para elas trata-se de um passo proposto.

 

Quando a PPD penetra na pele sem sofrer auto-oxidação, ela pode ser alvo do mesmo processo que ocorreria à superfície, com a formação dos mesmos derivados, os mesmos aductos e causando a mesma sensibilização. Apesar disso, o nosso organismo pode proteger-se metabolizando a PPD pela via de destoxificação, que envolve a enzima N-acetiltransferase 1 (NAT1), que é abundante nos queratinócitos epidérmicos, formando monoacetil-p-fenilenodiamina e diacetil-p-fenilenodiamina que têm demonstrado não causar reação alérgica.

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